Emprego do futuro e a educação

18/06/2019
Emprego do futuro e a educação

Os empregos do futuro serão intensivos em educação e irão transbordar as fronteiras dos países. Esses e outros impactos provocados pela atual revolução tecnológica foram debatidos durante o painel "O futuro do trabalho: tendências no Brasil e no mundo", realizado durante o 8º Congresso Brasileiro de Inovação Industrial, em São Paulo

A visão da especialista norte-americana April Rinne, fundadora, conselheira e investidora da April Worldwide, é que a tecnologia vai estimular a existência cada vez maior do trabalho remoto, não apenas feito de casa como em países diferentes da sede da empresa para qual o profissional trabalha.  "Na maior parte da história, fronteiras tradicionais limitaram a mobilidade e a conectividade e políticas como vistos de trabalho mantiveram as forças de trabalho nacionais separadas. Atualmente, novas tecnologias tornaram o trabalho remoto mais fácil do nunca antes", afirmou.

Para ela, a tendência é uma super globalização do trabalho, com empresas buscando trabalhadores onde quer que estejam. E esses profissionais não precisarão mudar-se de país para assumir o novo posto. A Estônia, por exemplo, criou o programa E-residente, identificação com qual cidadãos do mundo inteiro podem usufruir de serviços digitais da antiga integrante da União Soviética. Rinne acredita que esse modelo permitirá às empresas contratar talentos em seus ramos de atuação e aos trabalhadores obter oportunidades além das fronteiras de seus países.

A especialista avalia que o maior desafio nesse campo será garantir empregos que respeitem a "humanidade" dos trabalhadores. "A implicação humana do futuro do trabalho tem vantagens e desvantagens. Trabalho remoto permite flexibilidade, escolha e oportunidade e deve se tornar estratégia de inovação de empresas e autoridades. Ao mesmo tempo, a automação deve eliminar empregos, o que traz riscos para todos os países, inclusive o Brasil. Nesse mundo de fronteiras, empregos e normas que se derretem, nossa maior prioridade, e o maior desafio, tem de ser assegurar que esse futuro funcione para todos", defendeu. "O futuro do trabalho é um sistema complexo de tecnologia e de humanos, no qual estão colocadas questões como bem-estar, dignidade e habilidade para contribuir com a sociedade".

O diretor de Operações do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Gustavo Leal, avaliou que a educação será decisiva nos empregos do futuro. Os humanos terão diferentes níveis de interação com a tecnologia - entre o nível básico de usuário até o de desenvolvedor de novas máquinas - mas que, em todos terão empregos mais complexos. "Os novos empregos serão bem diferentes, vão ser muito mais intensos em ocupações cognitivas, em capacidade de análise, de ser criativo, de solução de problemas complexos. Eles vão ser muito mais intensivos em educação", prevê.

Ele afirma ainda que a educação precisa se apropriar das novas tecnologias para formar os novos profissionais preparados para responder às demandas do mundo do trabalho, assim como é necessário requalificar os profissionais que já atuam. "O grande desafio que está posto para o Brasil e para todos os países é realmente como melhorar radicalmente nosso processo educacional para preparar nossa população", avaliou.

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